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História - Cliff Morgan


Órfão de pai aos 4 anos de idade, Cliff Morgan (b. Clifford Easton Morgan, 24 September 1977, Welwyn Garden City, Hertfordshire, UK, d. 20 June 2014, St. Moritz, Switzerland) cresceu cultivando uma rebeldia culta que de certa forma o acompanhou por toda a vida. O lado agressivo era extravasado através das badernas que a gangue da qual participava provocava pelas ruas de Welwyn Garden City. Por outro lado a predileção pelos livros aprimorava a veia intelectual fazendo Morgan se retrair um pouco durante a infância e gerando algumas inimizades com os colegas.

O começo de uma parceria

O hábito da leitura transformou-se em interesse pela escrita e Morgan dedicou-se a fazer poesias compulsivamente. A dedicação do mancebo encontrou um denominador comum quando ele conheceu um garoto de uma gangue rival chamado Gregor Stevens. Gregor começou a musicar as poesias de Cliff sem nenhum objetivo maior e o desinteresse inicial de Cliff só foi revertido quando o amigo em companhia de Mike Gradas planejou a formação de uma banda de rock o que atraiu a curiosidade de Cliff que imediatamente ingressou no projeto.

De tecladista a vocalista

Fora umas poucas aulas de teclado, Morgan nunca tivera um envolvimento maior com música mas apesar disso se tornou o tecladista da banda. A insatisfação com o posto assumido o fez buscar maior visibilidade e facilitado pela desistência de Nick Willys, Cliff Morgan assume os vocais. A seguir escreve 'A True Fact', sua primeira letra nos The Gardeners, musicada por Gregor estabelecendo assim o método de composição que perduraria por toda a existência do conjunto. A indicação de Pat Rudford para a bateria e a composição de 'Words in the Wind' reforçam a posição de Cliff como uma das lideranças do grupo.

Poesia e fúria

Enquanto os Gardeners percorreram festivais amadores, Cliff foi evoluindo como vocalista: o lirismo de letras bem-casadas com os arranjos de Stevens dava lugar no palco a uma fúria incontrolável. Os dois primeiros singles e o álbum de estréia The Gardeners Grow Up mostraram que Cliff já estava bem entrosado com os companheiros enquanto que a primeira excursão pelo Reino Unido apresentou um vocalista imprevisível como em Oxford, quando se enroscou no fio do microfone e caiu no chão mas continuou a cantar mesmo com o aparelho desligado. A mudança para Londres após a turnê foi uma de suas primeiras divergências com o empresário da banda Chris Bodan numa relação marcada por vários choques como a saída do produtor executivo Jeff Hughes, amigo de Cliff, quatro anos depois. Apesar de contrariado por não permanecer na cidade natal, Cliff apresentou um período de grande produção e harmonia com os companheiros. Migraine Boy apresenta os Gardeners com um som mais pesado lembrando a época em que faziam covers de Ramones e Nirvana, duas das bandas prediletas de Morgan. A Migraine Boy Tour proporcionou ao quarteto seu primeiro giro pela Europa e quando passam pelos Estados Unidos, Cliff inicia um romance com a fotógrafa vietnamita Lan Cho Minh que de certo modo atenuaria a verve agressiva do cantor.

Uma carreira de controvérsias

O terceiro disco The Human Obiciclity is same to Transciding of the Nestery é envolto em drogas e experimentalismos. Na The Human Obiciclity's Tour polêmicas como a declaração feita na Irlanda do Norte de que "o IRA não deveria cessar suas atividades" e a troca de farpas com Liam Gallagher, do Oasis, fizeram Cliff se silenciar por um tempo. Para completar, o término do namoro com Lan Cho Minh deixa o gardener abalado e se reflete nas apresentações do grupo, culminando com o tumultuado show em Berlim. A fim de reverter essa imagem negativa, Cliff e Gregor aderem a ONG Children in the War que ampara crianças abandonadas em guerras. Após o término da turnê, Cliff lança o livro Inside The Human Obiciclity com fotos tiradas pelo próprio gardener durante as viagens do grupo. Alguns dias depois, num concerto beneficente pelas vítimas da guerra no Iraque, o vocalista é atacado pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan mas fora o susto não sofre maiores conseqüências. À contragosto, Cliff vai para a costa Oeste dos EUA devido a uma mudança estratégica promovida por Bodan mas assim como ocorrera anteriormente a nova mudança também é proveitosa para o vocalista que interage com músicos locais além da parceria com o ex-The Doors Ray Manzarek para o álbum comemorativo dos 50 anos do rock.

Inimigo da América

Nas gravações do quarto álbum os Gardeners aparecem com destaque na imprensa americana seja pela origem do título The Man of Yellow Cover (a vestimenta com que Cliff adentrara o estúdio num dia de forte chuva) seja pela agressão de Morgan a um repórter que tentava cobrir os ensaios. A expectativa criada em torno deste lançamento é recompensada através de composições memoráveis como 'Flying High', 'Reasons of Love', 'Black Hell' e 'Jungle Bells' que apontam a versatilidade de Morgan como letrista indo desde o romantismo até pesadas críticas à sociedade. O grande sucesso deste trabalho o torna bastante requisitado nesta época e numa entrevista concedida ao Channel Four faz críticas da indústria fonográfica até a realeza de Buckingham. Tudo isso valoriza a super-produzida Yellow Cover Tour que conquistou a América do Norte sem deixar de enfrentar sérios incidentes em Salt Lake City quando os Gardeners foram impedidos de realizar o concerto porque Cliff e Gregor foram flagrados em um exame anti-doping. Morgan opinou sobre o episódio dias depois em San Francisco quando criticou o falso moralismo da sociedade americana e se tornou persona no grata no país. Esses ataques ao país em que vivia não agradaram Chris Bodan nem Gregor Stevens e ocasionaram um pequeno atrito entre Cliff e Gregor.

Uma relação intensa

Para Cliff Morgan a recompensa de uma tumultuada turnê veio após o último concerto em Wembley quando ele conhece e se envolve com a jornalista da revista Style Yanna Mason. A intensa aproximação de Cliff e Yanna se torna a segurança para o gardener num período de reestruturação interna. Porém numa briga domiciliar sua mansão em Long Beach se incendeia em circunstâncias nunca bem esclarecidas e Cliff resolve voltar para a Grã-Bretanha antes que a justiça americana iniciasse um processo de extradição. Enquanto é lançado o disco ao vivo The Gardeners Still Live, Cliff compõe algumas canções para o novo trabalho do cantor Finley Quaye e participa de algumas palestras contra o racismo na Europa.

Cliff x Gregor

A vida com Yanna Mason altera os hábitos do antes transgressor Cliff Morgan. Para Gregor Stevens estas mudanças parecem indicar que seria complicado retomar a rotina de estúdio e shows como os Gardeners fariam em 2008. As diferenças pessoais entre Cliff e Gregor conduzem a constantes batalhas de ego dos dois principais nomes da banda. Gregor acusava o amigo de deixar que Yanna decidisse os rumos da banda enquanto Cliff rebatia afirmando que o guitarrista apenas queria mais poder após a saída de Bodan. A situação se sustentou durante a concepção de The Time's Over visto que Stevens assinou a produção do álbum e Morgan dirigiu alguns clipes.

A vida pós-Gardeners

Porém nem mesmo os poderes obtidos por Cliff e Gregor foram suficientes para mantê-los juntos e após uma melancólica turnê os Gardeners se separaram oficialmente debaixo de uma guerra de vaidades entre os dois. Apesar de Cliff sempre sustentar uma posição de desprezo e crítica ao balcão de negócios em que os Gardeners haviam se transformado suas primeiras atitudes espelharam uma certa hesitação diante do futuro. Enquanto não decidia se voltava à cena musical, Cliff tornou-se empresário do trio de funk-jazz Island Jammers e no mesmo mês que seu último trabalho com os ex-companheiros, The Gardeners Unplugged, foi lançado ele se casava com Yanna Mason numa cerimônia em Geoffrey's Bay na África do Sul. Cliff ainda tocou alguns projetos como a direção de vídeo-clipes de outros artistas, uma participação no filme It For Money do diretor e amigo Richard Moralez e uma coluna na revista musical Mojo. No final do ano nasce sua filha Yanka que parece lhe despertar o desejo de voltar a fazer música. Após uma longa batalha para romper contrato com a gravadora EMI, o vocalista se transfere para o selo London Records no qual inicia a gravação de seu primeiro trabalho-solo.

Fim da linha para o gardener rebelde

A chegada após um ano de Put It Out Push mostra Morgan bastante modificado em relação aos tempos de sua ex-banda. A estabilidade do casamento com Yanna Mason traz um número maior de baladas como 'Touching My Soul' e 'No Words' e mostra também um artista bem mais reflexivo como em 'Follow On Me' e 'Me and My Troubles'. Cliff faz uma tímida promoção do disco gravando apenas o especial para a MTV Cliff Morgan Unplugged. Logo surgem os boatos de que ele estaria doente que a princípio são desmentidos por seu empresário Rudolf Simmons. Mas ao ser flagrado por um paparazzi saindo de um hospital já não há como negar as evidências e após certo tempo Simmons admite que Cliff Morgan está com um tumor maligno no cérebro conhecido como Gliobastoma Multiforme. A agressividade do tumor vai progressivamente vencendo Morgan e depois de uma batalha que durou um ano e meio Cliff Morgan falece em sua casa na Suíça.

Cliff Morgan Road

A notícia da morte de Morgan provoca uma onda de lamentações e homenagens ao vocalista dos Gardeners que chega até a ter a rua em que morava em Welwyn Garden City batizada com seu nome. O desejo de Yanna de divulgar material inédito de Cliff inclusive com os Gardeners provoca a reação dos demais ex-integrantes e a justiça suspende a exploração do catálogo do grupo, iniciando uma batalha judicial que dura três anos sem vitória de nenhuma das partes. Em 2017, Yanna Mason, Gregor, Mike e Pat chegam a um acordo que permite a promoção da coletânea The Gardeners Anthology com a inédita composição da parceria Morgan/Stevens 'For You Come Back' além do re-lançamento da obra do ex-gardener e leilão de seus pertences.

 

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